CAVALEIROS DO TEMPLO


Este blog tem como objetivo único, cooperar em leituras e estudos voltados para o segmento Maçônico, com textos de diversos autores e abordagens diferentes para um único tema.

Por Yrapoan Machado






segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

O CONCEITO DE GADU

Esse ensaio tem como objetivo uma leitura dos conceitos humanistas do filósofo Ludwig Feuerbach (1804/1872) aplicados à maçonaria. É mais uma colaboração a se colocar definitivamente de lado todas as especulações que implicam na negação desta como religião ou de seu caráter religioso que alguns maçons insistem promiscuamente em lhe atribuir. Para familiarizar o leitor, apresento inicialmente um bosquejo do pensamento filosófico de Ludwig Feuerbach. A essência do pensamento de Feuerbach é resumida na forma de uma teologia humanista que desloca a divindade de um Deus exterior ao homem para o próprio Homem. Segundo Feuerbach a religião (todas) racionaliza Deus, mas o faz sobre o sujeito errado, os predicados atribuídos a Deus deviam ser imputados à Humanidade tendo ela todas as condições para se tornar no que realmente pode ser: Deus. Essa exegese revela que, sob um primeiro sentido sobrenatural, se esconde o verdadeiro significado antropológico do fenômeno religioso. Tudo o que o homem atribui a Deus, na realidade, pertence a sua própria essência.
Feuerbach não nega Deus, apenas o reconduz àquilo que considera ser a sua verdadeira personalidade, o homem. O homem é o criador de todos os Deuses ou, dito por outras palavras, o sujeito de qualquer religião só pode ser humano. Ele afirma que foi este pressentimento que levou a teologia ortodoxa a inventar um Deus homem – Cristo. Não sendo a maçonaria uma religião, nem sendo sua missão unificar credos religiosos diferentes, não existe, portanto, um Deus maçônico único e a crença em Deus tal qual apresentada pelos teólogos, não deve ser a pedra basilar do edifício filosófico, doutrinário, da maçonaria, mas sim o princípio humanístico da evolução incessante pelo qual a crença do Grande Arquiteto do Universo, que o maçom não conhece, mas concebe em seu imaginário, traduz uma idéia de entidade dinâmica, produto de postulados abstratos revestidos de atributos humanos e que, na realidade, são projeções da própria essência humana e, nesta medida, há uma identidade essencial com o Deus admitido nas religiões. 
A utopia maçônica de tornar a “humanidade mais feliz” passa pelo necessário investimento no caminho ‘evolutivo’ do homem, de modo a torná-lo um ser socialmente melhor, mais evoluído. É necessário se ter em mente que o homem a ser ‘transformado’ pela maçonaria já existe – simbolicamente, na forma de Pedra Bruta – portanto, a obra maçônica deverá ser ordenada e dirigida pelo Grande Arquiteto, que nela irá operar na matéria bruta já existente e transformá-la em sua morada, mas esse ente abstrato, no qual o maçom deve depositar a sua crença, não deve ser confundido com o Deus das religiões, Aquele que criou o mundo a partir do nada, o que poderá gerar uma desordem intelectual e, em alguns, espiritual.  Tal conflito pode ser evitado, proposta desse trabalho, se procurarmos entender o conceito de Grande Arquiteto do Universo com base na teologia humanista de Feuerbach, o que nos levará à descoberta do deus-racionalizado que já existe dentro de cada um de nós na forma de atributos humanos a serem despertos pelo autoconhecimento. Despertando nossa percepção a esses atributos, estaremos separando os nossos objetivos e isolando os conflitos, uma vez que a espiritualidade de cada um estará não somente preservada, cada um com sua crença religiosa, mas, acima de tudo respeitada por todos como parte da tolerância e da fraternidade despertas pela efetiva prática da racionalidade.
                                                              
O conceito de Grande Arquiteto do Universo deve permanecer inefável, pois ele se apresenta como o ‘modelo’ da perfeição a ser perseguida, uma vez que a grande obra humanística da maçonaria é a transformação do homem - o erguimento do ‘templo interno’ para que nele habite o ‘deus’ íntimo de nossa própria compreensão que deve se manifestar no maçom, com sua completa liberdade de manifestação - pela luz da sabedoria, ou seja, através de sua evolução o maçom deverá se automodelar e se tornar habitável pelos atributos humanos que atuarão em sua personalidade e o transformará em um homem virtuoso próximo a utópica perfeição do homem.
    
"A religião é o ópio do povo" (em alemão "Die Religion ... Sie ist das Opium des Volkes") é uma citação da Crítica da Filosofia do Direito de Hegel (em alemão, Kritik des hegelschen Staatsrecchts) de Karl Marx, obra publicada em 1844. A comparação da religião com o ópio não é original de Marx e já tinha aparecido, por exemplo, em escritos de Immanuel Kant, Herder, Ludwig Feuerbach, Bruno Bauer, Moses Hess e Heinrich Heine. Este último, grande poeta, em 1840, no seu ensaio sobre Ludwig Börne escreveu: “Bendita seja uma religião, que derrama no amargo cálice da humanidade sofredora algumas doces e soporíferas gotas de ópio espiritual, algumas gotas de amor, fé e esperança.” Moses Hess, num ensaio publicado na Suíça em 1843, também utilizou a mesma idéia: “A religião pode fazer suportável  a infeliz consciência de servidão... de igual forma o ópio é de boa ajuda em angustiantes doenças.” Marx vai contestar Feuerbach profundamente, acusando-o de apelar para uma essência humana em detrimento de um constructo social.
Cito as Teses de Marx sobre Feuerbach.
Teses sobre Feuerbach Karl Marx 1845                                    
1- A principal insuficiência de todo o materialismo até aos nossos dias - o de Feuerbach incluído - é que as coisas [der Gegenstand, a realidade, o mundo sensível são tomados apenas sobre a forma do objecto [des Objekts] ou da contemplação [Anschauung]; mas não como atividade sensível humana, práxis, não subjetivamente. Por isso aconteceu que o lado ativo foi desenvolvido, em oposição ao materialismo, pelo idealismo - mas apenas abstratamente, pois que o idealismo naturalmente não conhece a atividade sensível, real, como tal. Feuerbach quer objetos [Objekte] sensíveis realmente distintos dos objetos do pensamento; mas não toma a própria atividade humana como atividade objetiva [gegenständliche Tätigkeit]. Ele considera, por isso, na Essência do Cristianismo, apenas a atitude teórica como a genuinamente humana, ao passo que a práxis é tomada e fixada apenas na sua forma de manifestação sórdida e judaica. Não compreende, por isso, o significado da atividade "revolucionária", de crítica prática. 2- A questão de saber se ao pensamento humano pertence a verdade objetiva não é uma questão da teoria, mas uma questão prática. É na práxis que o ser humano tem de comprovar a verdade, isto é, a realidade e o poder, o caráter terreno do seu pensamento. A disputa sobre a realidade ou não realidade de um pensamento que se isola da práxis é uma questão puramente escolástica.
                 
3- A doutrina materialista de que os seres humanos são produtos das circunstâncias e da educação, [de que] seres humanos transformados são, portanto, produtos de outras circunstâncias e de uma educação mudada, esquece que as circunstâncias são transformadas precisamente pelos seres humanos e que o educador tem ele próprio de ser educado. Ela acaba, por isso, necessariamente, por separar a sociedade em duas partes, uma das quais fica elevada acima da sociedade (por exemplo, em Robert Owen). A coincidência do mudar das circunstâncias e da atividade humana só pode ser tomada e racionalmente entendida como práxiss revolucionante.
                                                                                                                                  
4- Feuerbach parte do fato da auto-alienação religiosa, da duplicação do mundo no mundo religioso, representado, e num real. O seu trabalho consiste em resolver o mundo religioso na sua base mundana. Ele perde de vista que depois de completado este trabalho ainda fica por fazer o principal. É que o fato de esta base mundana se destacar de si própria e se fixar, um reino autônomo, nas nuvens, só se pode explicar precisamente pela autodivisão e pelo contradizer-se a si mesma desta base mundana. É esta mesma, portanto, que tem de ser primeiramente entendida na sua contradição e depois praticamente revolucionada por meio da eliminação da contradição. Portanto, depois de, por exemplo a família terrena estar descoberta como o segredo da sagrada família, é a primeira que tem, então, de ser ela mesma teoricamente criticada e praticamente revolucionada. 5- Feuerbach, não contente com o pensamento abstrato, apela ao conhecimento sensível [sinnliche Anschauung]; mas, não toma o mundo sensível como atividade humana sensível prática.
                                                                                 
6- Feuerbach resolve a essência religiosa na essência humana. Mas, a essência humana não é uma abstração inerente a cada indivíduo. Na sua realidade ela é o conjunto das relações sociais. Feuerbach, que não entra na crítica desta essência real, é, por isso, obrigado: 1. a abstrair do processo histórico e fixar o sentimento [Gemüt] religioso por si e a pressupor um indivíduo abstratamente - isoladamente - humano; 2. nele, por isso, a essência humana só pode ser tomada como "espécie", como generalidade interior, muda, que liga apenas naturalmente os muitos indivíduos. 7- Feuerbach não vê, por isso, que o próprio "sentimento religioso" é um produto social e que o indivíduo abstrato que analisa pertence na realidade a uma determinada forma de sociedade. 8- A vida social é essencialmente prática. Todos os mistérios que seduzem a teoria para o misticismo encontram a sua solução racional na práxis humana e no compreender desta práxis.
          
9- O máximo que o materialismo contemplativo [der anschauende Materialismus] consegue, isto é, o materialismo que não compreende o mundo sensível como atividade prática, é a visão [Anschauung] dos indivíduos isolados na "sociedade civil". 10- O ponto de vista do antigo materialismo é a sociedade "civil"; o ponto de vista do novo [materialismo é] a sociedade humana, ou a humanidade socializada. 11- Os filósofos têm apenas interpretado o mundo de maneiras diferentes; a questão, porém, é transformá-lo.
Texto enviado por nosso Venerável Mestre Ailton de Oliveira
BIBLIOGRAFIA
IR.’.. Ubyrajara de Souza Filho  e complementado pelo IR.’.. Francisco Maciel,  inserindo a contestação de Max aos conceitos humanistas do escritor e filósofo Ludwig Feuerbach
“à luz do humanismo de Feuerbach”Fonte:
Publicado pela primeira vez: por Engels, em 1888, como apêndice à edição em livro da sua obra Ludwig Feuerbach e o Fim da Filosofia Alemã Clássica, Estugarda 1888, pp. 69-72. Publicado segundo a versão de Engels de 1888, em cotejo com a redação original de Marx.
Traduzido : do alemão por Álvaro Pina.
Transcrito por Fred Leite Siqueira Campos para The Marxists Internet Archive.
Copyright: © Direitos de tradução em língua portuguesa reservados por Editorial "Avante!" - Edições Progresso Lisboa - Moscovo, 1982.
Fonte na web: http://www.marxists.org/portugues/mmaciel escriba.

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